Bebês nascem quase todos os dias em São João Batista. Há partos (mais de 200 neste ano), pequenas cirurgias e internações. O bloco cirúrgico do Hospital Monsenhor José Locks tem boas condições de uso e na unidade não faltam medicamentos. Apesar disso, após o dia 30 de outubro a Prefeitura de São João Batista poderá decretar estado de emergência hospitalar.
Desde que o projeto do Plantão Médico foi rejeitado pela Câmara de Vereadores, os profissionais começaram a notificar a direção do hospital e a Secretaria de Saúde que abandonariam o atendimento. A autarquia não consegue mais contratar médicos, e o dilema está nos valores pagos aos profissionais.
Os R$ 45 pagos atualmente por hora/plantão é considerada uma das piores remunerações para médicos em Santa Catarina. O Hospital São José de Tijucas, por exemplo, paga R$ 90 líquido por hora/plantão, já no município vizinho de Canelinha, são cerca de R$ 60. “Não tem condições de nos deslocar para São João por esse valor. Além do grande volume de pessoas atendidas por plantão, o que pagam é muito inferior ao que recebemos em outros hospitais”, disse um médico que conversou com a reportagem na condição de ter o nome preservado.
A licitação aberta para contratação de empresa prestadora de serviços médicos, e que garantiria a manutenção de dois profissionais por plantão, decepcionou a Administração Municipal. Além de nenhuma empresa se habilitar, um advogado entrou com impugnação da licitação. Os envelopes deveriam ser abertos na tarde desta quinta-feira (24). Sem nenhum interessado o prefeito Daniel Cândido (PSD), estuda outras opções.
O processo licitatório era uma alternativa disponível após os vereadores rejeitarem o projeto do Plantão. O Executivo Municipal também pode reenviar o texto do projeto, com alterações, para a Câmara de Vereadores. E os dramas desenrolados na emergência do hospital já iniciaram nesta sexta-feira (25). Na manhã e tarde não havia médicos para atender a população e os casos mais graves estavam sendo transferidos para hospitais de Canelinha, Nova Trento e São José. O problema foi agravado com um Congresso de Medicina, que fez com que diversos profissionais das unidades de saúde não cumprissem expediente.
De acordo com o secretário de Saúde, Jaci Silva, apesar da falta de médico na manhã e tarde desta sexta-feira, no sábado e domingo as escalas de plantão estão normalizadas. “Esses profissionais passaram a trabalhar no município, certos de que o Projeto do Plantão seria aprovado. Nós acreditávamos nisso. Agora temos que encontrar alternativas para que a população não pague o preço da falta de atendimento”, afirma.
Falta de médicos é um dos principais fatores que comprometem a qualidade do atendimento no Hospital Monsenhor José Locks. A baixa remuneração também impede a contratação de profissionais experientes, ficando o município obrigado a negociar com recém-formados. A rotatividade dos médicos em São João Batista é altíssima. Não existe um acompanhamento ou atendimento personalizado.
Se não encontrar alternativas para o impasse e formas para contratação e manutenção dos profissionais médicos, no final da próxima semana a situação deverá se agravar. Caso não consiga reverter o quadro atual, todos os atendimentos no Monsenhor José Locks ficarão comprometidos.