Em tempos de grandes desafios socioambientais e uma crescente desconexão com os recursos naturais e culturais das comunidades, a escola se reafirma como espaço essencial para a formação de cidadãos mais conscientes e comprometidos com o planeta. Neste contexto, nasceu o projeto “Riquezas Locais, Consciência Global”, uma iniciativa pedagógica que, da Educação Infantil ao Ensino Fundamental I, propôs atividades concretas para desenvolver o senso de pertencimento, respeito ao meio ambiente e responsabilidade social.
O projeto se destacou por envolver todas as etapas da Educação Infantil e Fundamental, articulando práticas ambientais, saberes culturais e ações de cidadania de forma lúdica e interdisciplinar. A proposta integrou desde atividades sensoriais com os bebês até experimentos de ciência aplicada e tecnologias sustentáveis com os alunos mais velhos, mostrando que a educação ambiental pode — e deve — ser vivenciada desde cedo.
Educação Infantil: O despertar sensorial e o respeito à natureza
Nas turmas do berçário ao Maternal II, o contato direto com elementos naturais como terra, folhas, gravetos e sementes foi o ponto de partida para despertar a curiosidade e o respeito ao meio ambiente. Inspiradas nas práticas indígenas de convivência harmônica com a natureza, as atividades proporcionaram vivências sensoriais que aproximaram as crianças do conceito de sustentabilidade. A extração de tintas naturais, por exemplo, conectou ludicamente arte e ecologia, reforçando a importância do cuidado com o planeta desde os primeiros anos de vida.
Já nas turmas do Pré I, Pré II e Pré Integral, as crianças foram estimuladas a dar nova vida a materiais recicláveis, criando brinquedos e ambientes lúdicos como lojas e fábricas fictícias de brinquedos sustentáveis. Além disso, as turmas protagonizaram campanhas solidárias, arrecadando materiais recicláveis e ração para animais em situação de rua. O envolvimento direto com causas sociais reforçou valores como empatia, responsabilidade e solidariedade.
Ensino Fundamental I: Iniciativas práticas e cooperação comunitária
As turmas do 1º ao 3º ano colocaram a criatividade a serviço da sustentabilidade, construindo brinquedos e equipamentos para o pátio da escola a partir de pneus e outros materiais recicláveis. Iglu, amarelinha, trepa-trepa e balanços transformaram o espaço escolar em um ambiente ainda mais atrativo e ecológico, com participação ativa das famílias, reforçando o vínculo entre escola e comunidade.
Para os alunos do 4º e 5º ano, as ações voltaram-se para questões mais amplas de sustentabilidade, como o uso racional da água e as fontes de energia renovável. Através de visitas técnicas, construção de maquetes, produção de ecobags e práticas de reaproveitamento de resíduos, os estudantes compreenderam o ciclo da água, o impacto ambiental das nossas escolhas e a importância de soluções sustentáveis para o futuro.
O 5º ano, em especial, aprofundou seus estudos sobre energia limpa, avaliando as vantagens e limitações das fontes solar e eólica. As atividades foram complementadas com práticas criativas como reaproveitamento de alimentos, produção de arte com materiais naturais e discussões literárias sobre biodiversidade.
STEAM e sustentabilidade: ciência e criatividade para um futuro melhor
No Ensino Fundamental II, o projeto ganhou novos contornos através da participação dos alunos na Feira STEAM — que integra as áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática. Com uma abordagem inovadora e autoral, os estudantes do 6º e 7º anos criaram soluções práticas para problemas ambientais, como composteiras, hortas verticais, sistemas de irrigação com sensores e lixeiras inteligentes.
Projetos como a “Horta Suspensa: do lixo ao luxo” e o “Bueiros Menos Entupidos” mostraram como a criatividade, aliada ao conhecimento científico, pode gerar impactos positivos para o meio ambiente e a sociedade. O 6º ano ainda desenvolveu o projeto Cores da Terra, explorando a produção de tintas naturais e sua aplicação em arte e cultivo de plantas medicinais, unindo ciência, cultura e saúde.
Horta Escolar e Jardim Sensorial: inclusão e consciência ambiental
Outro destaque foi a implantação da Horta Escolar e do Jardim Sensorial, com o envolvimento direto dos alunos na escolha e cultivo das hortaliças, no uso de compostagem e captação de água da chuva para irrigação. O jardim sensorial, além de promover vivências inclusivas e ampliar a empatia com pessoas com deficiência visual, convidou todos a uma reflexão sensível sobre as diversas formas de perceber o mundo.
Educação além dos muros da escola
Mais do que atividades isoladas, o projeto “Riquezas Locais, Consciência Global” se mostrou uma verdadeira rede de aprendizagens, unindo escola, famílias e comunidade em torno de práticas que valorizam a cultura local e promovem o desenvolvimento de uma consciência planetária. Ao fomentar vivências concretas, estimular a pesquisa e fortalecer vínculos comunitários, a escola cumpriu sua missão de formar cidadãos críticos, criativos e preparados para construir um futuro mais justo, sustentável e inclusivo.
Um legado para o futuro
Ao final, ficou a lição: a sustentabilidade começa nas pequenas ações cotidianas e precisa ser ensinada, vivida e compartilhada. O projeto reafirma que, mesmo diante dos grandes desafios globais, é possível transformar realidades através da educação e da valorização das nossas riquezas locais.