Santa Catarina registrou uma redução expressiva no número de casos de dengue entre 31 de dezembro de 2024 e agosto de 2025, com 17.430 novas ocorrências confirmadas pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). No mesmo período do ano anterior, entre dezembro de 2023 e agosto de 2024, foram registrados 252.904 casos.
Apesar da queda, algumas cidades ainda apresentam focos do mosquito transmissor, como Florianópolis, Balneário Camboriú, Itapema e Itajaí.
Situação em Brusque
Em Brusque, até 15 de agosto de 2025, foram contabilizados 52 casos de dengue. O bairro com maior incidência foi o Primeiro de Maio, com 13 registros, seguido por Limeira Baixa e Centro 1, ambos com 5 casos.
No Estado, foram confirmados 15 óbitos, sendo 13 em pessoas com mais de 60 anos, evidenciando que idade avançada e comorbidades continuam sendo fatores de risco para complicações da doença.
Ações de prevenção
Com a aproximação da primavera, quando as temperaturas aumentam e há maior incidência de chuvas, as autoridades de saúde reforçam as ações contra o mosquito Aedes aegypti. Segundo o secretário municipal de Saúde de Brusque e médico infectologista Ricardo Freitas, as medidas incluem vigilância, fiscalização de locais propícios à proliferação do mosquito, aplicação de fumacê, vistorias domiciliares e instalação de armadilhas.
“Não podemos parar. As ações de prevenção e controle estão acontecendo em todo o Estado, principalmente nas regiões onde ainda há focos da doença”, declarou Freitas, que também é membro da Associação Brusquense de Medicina (ABM) e conselheiro junto ao Governo do Estado.
Segundo o infectologista, a redução de casos pode estar relacionada à sazonalidade da doença e ao elevado número de pessoas infectadas no ano anterior.
“Caso o sorotipo predominante permaneça o mesmo — existem quatro sorotipos diferentes — grande parte da população está naturalmente imunizada. A reinfecção pelo mesmo sorotipo é menos provável, a menos que haja uma mudança no sorotipo circulante na região”, explicou Freitas.
O médico reforça que, embora algumas áreas do litoral ainda apresentem focos, como Florianópolis, Itapema, Balneário Camboriú e Itajaí, outras regiões do Estado apresentam queda na incidência, especialmente a área central. No extremo oeste, podem ocorrer casos isolados, mas de modo geral, Santa Catarina apresenta um cenário favorável até 2025.
Novas tecnologias de combate ao mosquito
Freitas destaca o uso de novas tecnologias e armadilhas biológicas para eliminar o mosquito antes que ele coloque os ovos, que estão sendo aplicadas não apenas em Brusque, mas em todo o Estado, como parte de um esforço contínuo no combate ao Aedes aegypti, vetor de várias arboviroses, especialmente a dengue.
Vacinação
O infectologista também falou sobre a vacina Qdenga, de origem japonesa, atualmente disponível no Brasil. Ela é aplicada em duas doses e inicialmente direcionada a adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária em que os casos da doença costumam apresentar maior gravidade.
“No momento, não se observa um impacto significativo da vacinação no cenário epidemiológico da doença. Acredita-se que seja prematuro avaliar seus efeitos. Uma vacina produzida no Brasil está em desenvolvimento e deverá ser lançada possivelmente no próximo ano, com custo menor, maior abrangência e eficácia em relação a todos os sorotipos da dengue”, explicou o especialista.
Freitas lembra que a vacina Qdenga apresenta eficácia variável entre os quatro sorotipos, não sendo igualmente eficaz para todos eles.
Atenção aos sintomas
Os sinais de alerta para dengue são conhecidos: febre alta, dor no corpo, mal-estar, dor de cabeça e dor atrás dos olhos. A relevância desses sintomas aumenta quando há casos semelhantes na região do paciente, tornando a história epidemiológica um fator importante na avaliação clínica.
Recomendações de prevenção
A prevenção deve ser mantida durante todo o ano, independentemente da estação. Entre as principais medidas estão:
- Uso de telas nas janelas e repelentes em áreas de transmissão;
- Remoção de recipientes que possam se tornar criadouros de mosquitos;
- Vedação de reservatórios e caixas de água;
- Limpeza de calhas, lajes e ralos;
- Participação na fiscalização das ações de controle, permitindo a entrada de agentes de saúde para verificação de focos.
“Estamos em vigilância e implementando todas as medidas necessárias, especialmente a partir de outubro, quando as temperaturas aumentam. Nosso objetivo é manter os números controlados, semelhantes aos de 2020, e garantir que 2025 e 2026 apresentem cenário estável”, concluiu Freitas.