A operação que resultou na morte de três bandidos e a prisão de dois em Major Gercino, chama a atenção para os problemas e dramas enfrentados pelos policiais do Vale do Rio Tijucas. Eles têm o ofício de defender a sociedade, mesmo com estrutura precária, falta de reconhecimento e efetivo reduzido. Mas quem os defende?
Sem local para dormir, sem alimento, faltam coletes balísticos, faltam viaturas em boas condições. Falta treinamento adequado. Essa foi à resposta dada por policial militar que trabalha no Vale do Rio Tijucas a mais de 10 anos. “Durante a semana temos almoço. As prefeituras dão cozinheira. Mas, no final de semana estamos passando com um x-salada no almoço e outro no jantar”, conta o soldado. Ele falou com a reportagem do clubei.com na condição de não ser identificado, já que poderá sofrer represálias por parte do comando.
Uma ordem dada pelo comando em Tijucas impede que os policiais deixem as bases para almoço e janta durante os finais de semana. Sem cozinheira, ou cozinhas nas bases, os agentes estão sendo obrigados a aceitar lanches. “Como que um policial pode prestar serviços adequadamente se nem mesmo a alimentação correta é garantida?”, questiona. O caso não é isolado.
Além desses problemas, faltam policiais, em alguns casos o contingente é irrisório, fazendo com que PMs sejam forçados a escalas de serviço desumanas. Essas são reclamações básicas, mas existem outras dificuldades em exercer a função. O policial diz que apesar de terem disparados tiros em Major Gercino para defender a propriedade, a vida das pessoas e dos policiais, eles podem ter que responder por cada tiro disparado e cada bandido morto.
No Brasil a atuação dos Direitos Humanos decidiu por defender bandido, e acabam tentando encontrar brechas para punir o policial a qualquer custo. “Mesmo que seja a palavra do bandido contra a do policial”, afirma. Além disso, com a baixa remuneração uma grande parte dos policias acabam sendo forçados a trabalhar em seus horários de folga para complementar a renda.
Eles pagam do bolso multa se ultrapassarem os limites de velocidade e não conseguirem recorrer, respondem caso usem a força. A Polícia Militar está presa na burocracia que dificulta a ação dos agentes na defesa da sociedade. “Mas vamos seguindo. Vamos cumprir nosso dever até quando for possível. Mas as coisas estão ficando complicadas. Já pensei até mesmo em pedir transferência para outras localidades”, afirma.
Major Gercino serve como referencial para o perigo em que os Militares correm todos os dias. A violência no Vale do Rio Tijucas vem crescendo numa proporção muito maior que os investimentos do estado. “Esperamos que aumente o efetivo e deem equipamentos, para que possa dar as respostas que a sociedade precisa”, diz o soldado.
**O nome do soldado da Polícia Militar será mantido em sigilo, a pedido do próprio entrevistado para evitar qualquer tipo de represália.