Muita emoção e revolta. Foi assim que familiares e amigos se manifestaram no enterro de Flávia Godinho Mafra.
O corpo de Flávia Godinho Mafra, 24 anos, foi sepultado, por volta das 11 horas deste sábado, dia 29, no cemitério municipal de Canelinha. Em prantos, familiares e amigos comoveram os presentes, pelo profundo sentimento de perda. Flávia deixou uma filha, recém nascida, o esposo e os pais.
QUEM ERA FLÁVIA
Uma menina conhecida por todos na cidade, querida e que estava sempre disposta a ajudar, acompanhando a mãe na igreja e nos bingos tradicionais de Canelinha e região. Assim descrevem a professora Flávia Godinho Mafra, de 24 anos, encontrada morta nesta sexta-feira, dia 28, Grávida de 36 semanas, ela foi assassinada por uma amiga que tinha a intenção de roubar o bebê.
Filha única, Flávia era formada em pedagogia e atuava como professora substituta na cidade. Era conhecida também pelo tempo em que trabalhou em uma papelaria em Canelinha, e recentemente estava em uma loja de bordados no município. Por causa da diabetes que a colocava no grupo de risco para a covid-19, além da gravidez, estava afastada do trabalho nos últimos meses.
O CRIME
Flávia casou em outubro do ano passado, e o bebê que estava prestes a nascer era muito esperado pela família. Conforme as informações divulgadas, a criança está no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, e passa bem. Inicialmente, ela ficará sob os cuidados do Conselho Tutelar.
Flávia sumiu na tarde da última quinta-feira (27), quando saiu para o suposto chá de bebê que ocorreria em São João Batista. Outras duas amigas estavam sabendo do evento, mas foram avisadas no dia que o encontro tinha sido cancelado. Flávia não foi avisada e seguiu com a autora do crime até o local.
No início da noite os familiares perceberam que Flávia não voltava para casa e não atendia o telefone. As mensagens no WhatsApp não eram vistas desde 15h48min, e com isso a mobilização começou. A amiga responsável pelo chá de bebê, que acabou presa no dia seguinte e confessou o crime, manteve contato com todos e relatou que não tinha mais notícias de Flávia, e que a tinha deixado com outra pessoa. As buscas viraram a noite, até o corpo ser encontrado por volta das 9h desta sexta.
O corpo de Flávia foi localizado pelo marido e pela mãe dela. Ainda não é possível saber se o bebê foi retirado com a gestante viva ou se ela já estava morta. A autora do crime admitiu que usou um tijolo para matar a amiga, após atrair ela para o local com a justificativa de um chá de bebê surpresa.
POLÍCIA
O assassinato da gestante Flavia Godinho Mafra, 24 anos, estava sendo planejado pelo menos desde junho, segundo a polícia. A autora do crime, que foi presa nesta sexta-feira, dia 28, de manhã, teria admitido em depoimento que planejou o caso para ficar com a criança após sofrer um aborto no começo do ano.
O caso na cidade de Canelinha foi detalhado pelas polícias Civil e Militar em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira à tarde. Conforme o delegado Paulo Alexandre Freyesleben e Silva e o Tenente-Coronel Daniel Nunes, comandante do 12º batalhão da PM, a mulher e o companheiro serão indiciados por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e lesão corporal gravíssima – contra o bebê, que está no Hospital Infantil de Florianópolis e passa bem.
A PM registrou a ocorrência inicialmente por volta das 21h desta quinta-feira (27), quando foi acionada pelo hospital de Canelinha para um suposto caso de maus tratos contra um bebê recém-nascido. A criança tinha cortes pelo corpo quando foi levada pela mulher até a unidade de saúde. Segundo as autoridades, a suspeita do crime disse que teria feito o parto na rua, com ajuda de populares, e depois foi ao hospital.
Sabendo do caso da gestante desaparecida, os policiais seguiram acompanhando o caso até esta sexta de manhã, quando o corpo de Flávia foi encontrado em uma cerâmica abandonada no bairro Galera. Na sequência os policiais foram até o casal que havia aparecido com o bebê na noite anterior e elucidaram o crime.
A mulher presa contou aos policiais que teve uma gravidez em outubro do ano passado e, em janeiro, perdeu a criança. Ela não avisou ninguém sobre o aborto e, em meados de junho, decidiu que iria cometer o crime para ficar com outra criança. Ela teria escolhido Flávia por serem amigas desde os tempos da escola e terem a gravidez em um período parecido. Na quinta-feira à tarde ela chegou a enviar mensagens a uma servidora da saúde em Canelinha falando sobre o suposto parto.
Conforme os policiais, a mulher relatou que o companheiro não sabia do caso e não participou do crime. No entanto, ele também foi preso e a participação dele deve ser investigada. A mulher e o companheiro ficarão presos na unidade prisional de Tijucas. O bebê será acompanhado pelo Conselho Tutelar.
Imagens: Rádio Clube / Vip Social / Divulgação Redes Sociais